quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sugestão: Projeto Política Internacional Online (PPI Online)

102263252Nós, do Urbi et Orbi, sempre defendemos a utilização da Internet a serviço do estudo, da análise e da pesquisa em Relações Internacionais.

É nesse sentido que sugerimos aos leitores o Projeto Política Internacional Online (PPI Online), que é uma plataforma para o ensino e a pesquisa nas áreas de Relações Internacionais, Política Internacional e Ciências Políticas.

O portal reúne links para cursos online e call for papers para revistas e eventos acadêmicos. De acordo com o próprio site, o objetivo é “[…] oferecer cursos online sobre aspectos diferentes de Política Internacional para estudantes universitários no Brasil”. O PPI Online buscará privilegiar temas importantes da agenda internacional que não são geralmente abordados nos currículos universitários de RI no Brasil.

O PPI Online passa a ser um locus privilegiado onde analistas de RI poderão retirar todos os subsídios que a Internet oferece para o aprofundamento dos seus estudos.

O Urbi et Orbi apoia o PPI Online e empenhar-se-á para contribuir no seu sucesso, a fim de que a comunidade brasileira de RI possa contar com mais essa ferramenta de difusão do conhecimento da disciplina.

 

Crédito da foto: Getty Images.

sábado, 10 de julho de 2010

Another BRIC in the wall?



Bruno Hendler [1]


Grandes mercados emergentes, territórios imensos, abundância de recursos naturais, liderança regional. O que faz de Brasil, Rússia, Índia e China um grupo coeso e merecedor de uma sigla tão popular – os BRIC? As oportunidades de cooperação que aparecem para esses quatro países são proporcionais aos desafios encontrados, sejam econômicos, político-diplomáticos ou culturais.

Com nítidas divergências sobre temas como aquecimento global e não-proliferação de armas nucleares, bem como rivalidades históricas e concorrência econômica acirrada em países periféricos, é difícil conceber os BRICs como um bloco integrado e dono de uma política externa convergente, tal qual a União Européia. Ainda assim, a reportagem veiculada pela revista The Economist em abril de 2010 evidencia a crescente relevância destes países no cenário internacional, ora individualmente ora atuando em conjunto. Ser parte do BRIC, segundo a revista, não significa sacrifícios em nome do grupo, mas um benefício subjetivo de ser sinônimo de mudança, crescimento e mercado emergente.

Para o criador da sigla, Jim O'Neill, o grupo é um bom mecanismo para pressionar os países ricos a mudar seu papel na gerência da economia global de forma mais radical. No link, é possível encontrar a matéria completa da The Economist e “dissecar” o quadro interativo que mostra as alianças econômicas e políticas de cada país. No blog do diplomata brasileiro Paulo Roberto de Almeida há, também, alguns artigos aprofundados sobre o assunto.


[1] Bruno Hendler é analista internacional. Bacharel em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba). E-mail: bruno_hendler@hotmail.com .

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sugestões de leituras sobre Geopolítica (Foreign Affairs)

What to Read on Geopolitics


Summary: An annotated Foreign Affairs syllabus on geopolitics.

GEOFFREY SLOAN is Director of the Graduate Institute for Political and International Studies at the University of Reading.


Theorizing about the relationship between geography and security is one of the oldest and most central themes of Western political science. Modern geopolitical thinking appeared in the late nineteenth and early twentieth centuries, differing from its predecessors in its emphasis on technological change and global systems of power. In vogue before and through the world wars, geopolitics fell out of favor by the second half of the century, accused of everything from environmental determinism to simplistic binary categorization. Today, however, the subject is undergoing a revival -- perhaps based on the recognition that global political changes in the twenty-first century may stem not simply from human culture and institutions but also the geographical environment.

The Influence of Sea Power Upon History, 1660-1783. By A. T. Mahan. Little, Brown, 1890.

Admiral Alfred Thayer Mahan was a U.S. naval officer who became world famous for his geopolitical theorizing. The core of Mahan's thesis rested on the relationship between the political control of the sea and the impact of a powerful navy on a state's foreign policy. From these two factors, Mahan attempted to predict the role that naval power would play in U.S. foreign policy. In its heyday, the book was lauded in the United Kingdom and elsewhere; Kaiser Wilhelm II ordered a copy placed in the wardroom of every ship in the Imperial German navy. Although much criticized today, Mahan's work can be credited with uncovering the essential elements of sea power and demonstrating that there are important economic prerequisites for possessing a navy. He provided a rationale for the turn-of-the-century transition of the U.S. Navy from a brown-water force to one that could project and sustain power globally.

Democratic Ideals and Reality: A Study in the Politics of Reconstruction. By Halford J. Mackinder. Henry Holt, 1919.

Mackinder: Geography as an Aid to Statecraft. By W. H. Parker. Oxford University Press, 1982.

Halford Mackinder was the British founding father of modern geopolitics. In 1904, he described an area roughly contiguous with today's Russian Federation as the "eternal geographical pivot of history." In this book, 15 years later, he coined the terms "Heartland" to describe that space and "World Island" to refer to the joint landmass of Europe, Asia, and Africa. Mackinder argued that geography conditions political and strategic outcomes without rigidly determining them, and that geography, demography, and economic success are interrelated. The key to future peace, he claimed, lay in resolving the relationship between the German and Slavic peoples in Eastern Europe. He summed up his theory in an unforgettable catechism: "Who rules East Europe commands the Heartland; who rules the Heartland commands the World Island; who rules the World Island commands the World." W. H. Parker's biography provides insight into the polymath that Mackinder was and an overview of his diverse and accomplished career. More can be found on Mackinder and his legacy at www.mackinderforum.org.

America's Strategy in World Politics: The United States and the Balance of Power. By Nicholas J. Spykman. Harcourt Brace, 1942.

Like Mackinder, Nicholas Spykman was driven by the desire to describe, prescribe, and predict. His 1942 book represented a systematic attempt to apply geopolitics to the American case. He stressed the importance of a global balance-of-power policy, with the United States acting as the balancer -- a role that could be played only if the United States maintained a margin of superiority around the Eurasian littoral, or "rimland," keeping the Soviet Union penned up inside. "Because of the inadequacy of the Arctic Coast as an outlet to the ocean," he wrote, "the great heartland can find access to the sea only by routes that cross the encircling mountain barrier and border zone beyond. The only exit routes are through the Baltic and Black Seas and by the overland routes through the North German plain between the Scandinavian massif and the Carpathians." Spykman's book caught the moment when the geographical scope of U.S. grand strategy was expanding to a global scale. He argued that a postwar return to isolationism was unwise, and his geopolitical perspective provided a rationale for a U.S. commitment to maintaining an equilibrium of power on the Eurasian continent.

Great Powers and Geopolitical Change. By Jakub J. Grygiel. Johns Hopkins University Press, 2006.

Jakub Grygiel's book uses historical case studies to analyze how great powers have responded to such dramatic geopolitical changes as the discovery of new trade routes and continents. He finds that the great powers' success or failure was shaped in part by the location of resources, the layout of trade networks, and the stability of state boundaries. According to Grygiel, a country's strategic response to geography remains one of the most salient factors in establishing and maintaining power in the international arena, as states can increase and maintain their positions of power by pursuing a geostrategy that focuses on controlling resources and lines of communication.

Geopolitics, Geography, and Strategy. Edited by Colin S. Gray and Geoffrey Sloan. Routledge, 1999.

The diverse contributions in this collection cover everything from Mahan, Mackinder, and other theorists to subjects such as the influence of weather during the "age of sail," geography in the space age, and the renewed popularity of geopolitics in post-Soviet Russia. Taken together, the chapters underline the point that geography is the mother of strategy, setting the conditions for attack and defense on land, on sea, and even in the air.


COMENTÁRIOS DO URBI ET ORBI:

Ao contrário do que pregavam o institucionalismo liberal e os entusiastas do "fim da História" dos anos 1990, as considerações geopolíticas continuam bem vivas nas mentes dos policymakers e dos analistas internacionais. Como entender a queda de braço entre a OTAN e a Rússia em torno de diversos temas (a adesão de Geórgia e Ucrânia à Aliança Atlântica, o escudo antimísseis norte-americano no Leste europeu etc.)? Como apreender o significado do Quirguistão para o esforço de guerra de Washington no Afeganistão? Ou a nova "corrida para a África" em busca de mercados e recursos naturais? Somente a Geopolítica pode nos fornecer instrumentais para a análise dessas questões. Atestado disso é a persistência de termos como "esferas de influência", "linhas de suprimento", "multipolaridade" em discursos, textos acadêmicos e matérias de imprensa.

O autor desse syllabus elenca alguns dos clássicos da Geopolítica -- as obras de Alfred Mahan, Halford Mackinder e Nicholas Spykman são citadas, muito embora o igualmente importante Karl Haushofer tenha sido preterido nessa lista --, juntamente com reinterpretações e sínteses contemporâneas sobre o assunto. Em última análise, o que devemos assinalar é que a importância de tais autores não reside tanto no seu rigor acadêmico, mas sobretudo no fato de todos eles terem sido estafetas das potências que representavam. O fio condutor de tais textos é o dever-ser, a recomendação de políticas que determinado Estado deve tomar para conter as ameaças detectadas, resultado da proximidade -- promiscuidade, diriam os mais críticos -- que esses e outros autores tiveram com o poder. No Brasil, a obra geopolítica de Golbery do Couto e Silva, considerado a "eminência parda" do regime militar brasileiro, é o maior exemplo disso, já que ela teve considerável influência na formulação da política externa americanista de Castello Branco.

Para os que quiserem se aprofundar no assunto, nós do Urbi et Orbi recomendamos aos leitores a revista italiana Eurasia (especializada nos temas da Geopolítica) e as publicações do CENEGRI (Centro de Estudos em Geopolítica e Relações Internacionais).


Adaptado de Foreign Affairs.