Bruno Hendler [1]
Grandes mercados emergentes, territórios imensos, abundância de recursos naturais, liderança regional. O que faz de Brasil, Rússia, Índia e China um grupo coeso e merecedor de uma sigla tão popular – os BRIC? As oportunidades de cooperação que aparecem para esses quatro países são proporcionais aos desafios encontrados, sejam econômicos, político-diplomáticos ou culturais.
Com nítidas divergências sobre temas como aquecimento global e não-proliferação de armas nucleares, bem como rivalidades históricas e concorrência econômica acirrada em países periféricos, é difícil conceber os BRICs como um bloco integrado e dono de uma política externa convergente, tal qual a União Européia. Ainda assim, a reportagem veiculada pela revista The Economist em abril de 2010 evidencia a crescente relevância destes países no cenário internacional, ora individualmente ora atuando em conjunto. Ser parte do BRIC, segundo a revista, não significa sacrifícios em nome do grupo, mas um benefício subjetivo de ser sinônimo de mudança, crescimento e mercado emergente.
Para o criador da sigla, Jim O'Neill, o grupo é um bom mecanismo para pressionar os países ricos a mudar seu papel na gerência da economia global de forma mais radical. No link, é possível encontrar a matéria completa da The Economist e “dissecar” o quadro interativo que mostra as alianças econômicas e políticas de cada país. No blog do diplomata brasileiro Paulo Roberto de Almeida há, também, alguns artigos aprofundados sobre o assunto.
[1] Bruno Hendler é analista internacional. Bacharel em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba). E-mail: bruno_hendler@hotmail.com .
Um comentário:
Para mim, o aspecto mais impressionante sobre os BRIC's é que a própria formulação da sigla demonstra que entes não-estatais -- no caso, o banco de investimentos Goldman Sachs -- passaram a modelar as estratégias políticas dos Estados no sistema internacional.
Em outras palavras, os BRIC's são o construto intelectual de um economista que se tornaram um eixo prioritário para os seus quatro Estados-partes e uma manifestação do deslocamento de capacidades pelo qual o mundo está passando.
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