segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ensaio-manifesto por um paradigma autenticamente brasileiro das Relações Internacionais

A instituição do curso de Relações Internacionais no Brasil é relativamente recente, datando de 1974, com a formação do primeiro curso na Universidade de Brasília (UnB). Não obstante, durante esses 35 anos formou-se uma massa crítica nos circuitos militares, diplomáticos e acadêmicos, que passou a exercer pressão social para a construção de uma teoria das Relações Internacionais sob o prisma brasileiro. Apesar disso, a preponderância do tradicional debate anglo-saxão entre idealismo e realismo – só atualmente animado pelas contribuições de paradigmas emergentes, como o construtivismo, por exemplo – de certa forma sufocou uma produção teórica autóctone, configurando o que Amado Luiz Cervo chamou de “pensamento sem teoria”.

Como ponto de partida para a ereção de um paradigma autenticamente brasileiro das Relações Internacionais, podemos considerar os seguintes elementos, que podem perfeitamente se juntar a muitos outros, dependendo das escolhas metodológicas de cada estudioso:

• o “acumulado histórico” da diplomacia brasileira (o pacifismo, o juridicismo, o realismo/pragmatismo etc.) conforme Cervo o concebe;

• as teses geopolíticas formuladas no Brasil e para o Brasil por pensadores como Therezinha Castro e Golbery do Couto e Silva; e

• a condição de “dependência” estrutural latino-americana, de acordo com as teses de Celso Furtado e Theotonio dos Santos, para quem o país encontra-se na periferia do sistema mundial do capitalismo devido às assimetrias históricas do comércio e da economia internacionais.

Enfim, o status do Brasil como “potência média” e como pólo economicamente emergente dentro de um sistema internacional de tendência multipolar torna pedra angular a formação de uma teoria brasileira das Relações Internacionais. Só ela legará aos tomadores de decisão brasileiros uma perspectiva em consonância com a nossa realidade nacional, com o objetivo último de formular uma política externa defensora dos interesses nacionais em uma “era dos gigantes”, como diria Samuel Pinheiro Guimarães.

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