domingo, 24 de maio de 2009

O que significa ser diplomata?

Seguem abaixo algumas passagens célebres sobre o ofício diplomático:

1) "Diplomacy: The patriotic art of lying for one's country."

Ambrose Bierce


2) "A diplomat... is a person who can tell you to go to hell in such a way that you actually look forward to the trip."

Caskie Stinnett, Out of the Red (1960)


3) “Para enganar um diplomata fale a verdade. Ele não tem experiência com ela."

Provérbio grego


4) “A diplomat's life is made up of three ingredients: protocol, Geritol and alcohol.”

Adlai E. Stevenson

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ensaio-manifesto por um paradigma autenticamente brasileiro das Relações Internacionais

A instituição do curso de Relações Internacionais no Brasil é relativamente recente, datando de 1974, com a formação do primeiro curso na Universidade de Brasília (UnB). Não obstante, durante esses 35 anos formou-se uma massa crítica nos circuitos militares, diplomáticos e acadêmicos, que passou a exercer pressão social para a construção de uma teoria das Relações Internacionais sob o prisma brasileiro. Apesar disso, a preponderância do tradicional debate anglo-saxão entre idealismo e realismo – só atualmente animado pelas contribuições de paradigmas emergentes, como o construtivismo, por exemplo – de certa forma sufocou uma produção teórica autóctone, configurando o que Amado Luiz Cervo chamou de “pensamento sem teoria”.

Como ponto de partida para a ereção de um paradigma autenticamente brasileiro das Relações Internacionais, podemos considerar os seguintes elementos, que podem perfeitamente se juntar a muitos outros, dependendo das escolhas metodológicas de cada estudioso:

• o “acumulado histórico” da diplomacia brasileira (o pacifismo, o juridicismo, o realismo/pragmatismo etc.) conforme Cervo o concebe;

• as teses geopolíticas formuladas no Brasil e para o Brasil por pensadores como Therezinha Castro e Golbery do Couto e Silva; e

• a condição de “dependência” estrutural latino-americana, de acordo com as teses de Celso Furtado e Theotonio dos Santos, para quem o país encontra-se na periferia do sistema mundial do capitalismo devido às assimetrias históricas do comércio e da economia internacionais.

Enfim, o status do Brasil como “potência média” e como pólo economicamente emergente dentro de um sistema internacional de tendência multipolar torna pedra angular a formação de uma teoria brasileira das Relações Internacionais. Só ela legará aos tomadores de decisão brasileiros uma perspectiva em consonância com a nossa realidade nacional, com o objetivo último de formular uma política externa defensora dos interesses nacionais em uma “era dos gigantes”, como diria Samuel Pinheiro Guimarães.

sábado, 9 de maio de 2009

Evento: Conferência Internacional Conjunta ISA-ABRI - "Diversidade e desigualdade na política mundial"

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL CONJUNTA - "Diversidade e desigualdade na política mundial"

COORDENADORES GERAIS: JOÃO PONTES NOGUEIRA (PUC – Rio) e KAREN A. RASLER (Indiana University)


Organização: International Studies Association (ISA) e Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI)


Realização: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – Rio)Instituto de Relações Internacionais


Cidade: Rio de Janeiro, RJ, Brasil


Data: 22-24 de julho de 2009


Local: Campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – Rio)

As profundas mudanças ocorridas no sistema internacional com o fim da Guerra Fria alimentaram esperanças de um mundo mais integrado, pacífico e próspero. No entanto, em seu lugar, surgiram conflitos permeados por segmentações culturais, étnicas e religiosas apontando uma nova e perigosa dinâmica no sistema internacional. Permanecem, contudo, dúvidas importantes se soluções positivas para esses conflitos podem ser oferecidas pelas instituições multilaterais com base em um consenso crescente sobre os valores básicos e fundamentais da sociedade internacional. Ao mesmo tempo, a globalização da economia política internacional falhou em difundir um crescimento econômico mais justo e a incorporar sociedades mais pobres ao mercado mundial, conforme alguns entusiastas haviam previsto anteriormente. A crescente tomada de consciência sobre tais desigualdades sociais na política global justifica expectativas de que a questão permaneça uma prioridade na agenda das instituições multilaterais num futuro próximo e de que o progresso se dê gradativamente.

Enquanto isso, questões de diferenças étnicas e de identidade se cruzam com desigualdades sociais e econômicas em um número crescente de conflitos contemporâneos. Sem reduzir uma coisa a outra, um número cada vez maior de acadêmicos de RI consideram os aspectos culturais da política uma das explicações para a exclusão da maioria da população mundial em relação aos benefícios trazidos pelo desenvolvimento econômico. Outros acadêmicos, no entanto, focam nas dimensões estruturais associadas aos ambientes material e institucional como uma das razões para o crescente conflito dentro e entre países e regiões, em termos religiosos, étnicos e culturais. Na América Latina, por exemplo, mudancas politicas recentes em alguns países demonstraram o papel das identidades políticas de populações marginalizadas, como os indígenas, na reestruturação dos estados e suas economias. Este encontro tem como objetivo promover futuras discussões que explorem as questões da diversidade e desigualdade por meio de enquadramentos analíticos integrados.

Outro tópico central deste encontro é analisar como os desdobramentos da política internacional depois de 2001 contribuíram na formação de processos que fragmentaram o sistema internacional em visões de mundo competitivas e produziram profundas e desestabilizadoras assimetrias de poder. Por exemplo, um número crescente de pesquisadores e especialistas têm abordado os desafios da ordem e justiça mundiais reafirmando a necessidade de tratar as desigualdades nas relações Norte-Sul e defendendo alianças alternativas Sul-Sul que busquem o equilíbrio com uma única superpotência. Além disso, os novos dirigentes políticos têm enquadrado o problema da diversidade e pluralidade na política mundial como uma oportunidade para contestar a universalidade das instituições democráticas e liberdades individuais ao estilo ocidental. A forma como e por que essas questões têm surgido na comunidade global constitui uma importante área de pesquisa.

Como campo, as Relações Internacionais se expandiram consideravelmente para além de sua região norte-americana. Um número crescente de estudiosos, instituições acadêmicas e associações surgiram nas últimas duas décadas, dando início a um processo gradual, apesar de ainda desigual, de inclusão de contribuições provenientes de diversas partes do mundo, aos debates da disciplina. Esse processo se reflete na significativa internacionalização das convenções anuais da ISA, na criação da World International Studies Committee (WISC) e na organização de um número cada vez maior de conferências internacionais e regionais – todas as quais contribuíram para um animado intercâmbio entre acadêmicos do mundo inteiro.

A conferência conjunta da ISA/ABRI é a primeira deste tipo na América do Sul e tem como objetivo principal estimular o intercâmbio entre acadêmicos latino-americanos e a comunidade global da área de estudos internacionais. Além de incentivar uma forte representação regional, este encontro é também uma oportunidade para a participação de acadêmicos caribenhos e africanos.

Texto retirado e adaptado de http://www.isanet.org/rio2009.

Mais informações no Blog Oficial do Evento e no site da ABRI.